O Conselho Geral do Colégio de Médicos da Espanha declarou que os médicos espanhóis não serão a solução para os problemas de saúde no Brasil. De acordo com a organização, o governo pode estar acelerando medidas para atrair profissionais como uma meta “mais direcionada às eleições do que para resolver a questão da saúde no País”. O Conselho está negociando um acordo com o governo brasileiro em que exigem garantias sobre a condição das ofertas de trabalho no Brasil.
Apesar de se mostrarem interessados em preencher as vagas disponíveis no país, os espanhóis querem algumas garantias antes de firmar o acordo. As principais são relativas à infraestrutura dos hospitais onde os médicos trabalharão. Eles querem saber em detalhes o número de leitos, a quantidade de funcionários, recursos – tanto tecnológicos como os sistemas de gestão hospitalar, quanto de material necessário para procedimentos médicos -, além de acesso a medicamentos.
Os médicos espanhóis enxergam com certa desconfiança a proposta de trabalho oferecida no Brasil. Isso acontece porque durante a apresentação do projeto são expostos apenas dados demográficos, nível de renda e principais problemas de saúde de cada um dos municípios com vagas disponíveis. No entanto, a condição das unidades de saúde não são apresentadas, o que coloca em dúvida a garantia que os profissionais terão para exercer a função com o mínimo de recursos.
De acordo com o médico Fernando Rivas, responsável pelas negociações com o Brasil, diante das condições apresentadas ele não acredita que muitos médicos aceitem vir ao país. “Talvez uma centena deles, mas não mais do que isso”, disse. Rivas conversa hoje (11) e amanhã (12) com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sobre o assunto.
Ao todo, 94 municípios estão com vagas abertas e as chamadas ocorrerão a cada 40 ou 60 dias, de acordo com o Conselho Geral do Colégio de Médicos da Espanha. Os honorários médicos seriam de aproximadamente R$ 10 mil mensais, um valor considerado “bom” pelos espanhóis.
Cerca de 2 mil médicos já deixaram a Espanha nos últimos 12 meses e aproximadamente 3,3 mil estão sem emprego. A situação econômica do país é uma das piores da Europa.