Futuro: o genoma no PEP

Futuro: o genoma no PEP

Recentemente, a atriz americana Angelina Jolie revelou ter realizado uma mastectomia dupla, ou seja, a retirada dos seios, com o objetivo de evitar o câncer de mama. De acordo com os médicos, ela tinha 87% de chance de desenvolver a doença, além de 50% de chance de ter câncer de ovário. Essa alta probabilidade foi verificada em um exame de mapeamento genético, que detectou uma falha no gene BRCA1. A mãe da atriz teve câncer de mama e morreu em razão da enfermidade em 2007.

Graças ao exame de mapeamento genético, Angelina Jolie pode tomar uma decisão preventiva em relação à doença. Uma palestra online ministrada na semana passada pelo professor e doutor Umberto Tachinardi, da Universidade de Madison, nos Estados Unidos, discutiu o “Prontuário Eletrônico em Tempos de Genômica”. De acordo com o profissional, graças à difusão do uso dos softwares hospitalares e da busca constante dos governos em otimizar os gastos com a área da saúde, o futuro é colocar todas as informações genéticas das pessoas nos prontuários eletrônicos. Afinal, os gastos com a prevenção de doenças é bem menor do que o de curá-las ou tratá-las.

O governo americano pressiona as instituições de saúde a utilizarem os sistemas de gestão hospitalar, principalmente o prontuário eletrônico. Estímulos financeiros são usados para fazer com que os hospitais tenham um uso significativo da ferramenta. Aqueles que não alcançam as metas estabelecidas no programa podem ser punidos com a redução de pagamentos. No entanto, mesmo nos Estados Unidos a questão de utilizar informações genéticas ainda é muito nova e está em discussão.

Outro exemplo real citado na palestra pelo professor Tachinardi foi o de uma mãe que estava amamentando e precisou tomar o Tylenol3, um combo da droga que é considerado seguro para utilização durante o período em que a mulher amamenta.  No entanto, ao analisarem o sangue do bebê, descobriram que nele havia uma quantidade de morfina sete vezes maior do que a considerada normal. Isso aconteceu porque a mãe possuía um gene que metabolizava uma substância chamada codeína, presente no medicamento, em morfina. Se as informações genéticas dela estivessem presentes no prontuário eletrônico, o médico saberia de antemão deste fato e indicaria outro remédio para a paciente. Portanto, além da motivação financeira, a inclusão de dados genéticos nas ferramentas eletrônicas também serviria para evitar problemas em razão de fatores relacionados aos genes.
Apesar da importância de incluir os dados genéticos da população nos prontuários eletrônicos, essa realidade ainda está distante. O valor do exame de mapeamento genético é um dos impedimentos atuais. Outro problema está relacionado à infraestrutura computacional necessária para armazenar todos esses dados. De acordo com Tachinardi seria necessária a utilização de vários petabytes para arquivar todas as informações.
Ainda de acordo com o professor, atualmente é impossível fazer uma seleção de quais dados genéticos são realmente relevantes para estar no sistema, pois o genoma humano ainda está sendo estudado e a cada dia surgem novas descobertas.
Para que esse cenário se torne palpável é necessário que seja criado um sistema de apoio à decisão para auxiliar o médico em um atendimento mais eficiente e também a criação de terminologias para padronizar as interpretações dos genes. Outras questões também precisam ser resolvidas como a garantia de segurança dos dados genéticos, a procedência das informações genéticas e muitas outras.
A realidade da saúde mundial ainda está distante de ter informações genéticas disponíveis para prevenir doenças e reduzir custos, mas a mudança rumo ao futuro já começou a trilhar seu caminho.

Escrito com a colaboração dos desenvolvedores da Wareline, Marcos Roberto Morais e Junior Satheler

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