Falta de treinamento e políticas públicas são barreiras para as TIC

Falta de treinamento e políticas públicas são barreiras para as TIC

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) são grandes aliadas para a melhora do sistema de saúde. Os sistemas de gestão hospitalar são exemplos de auxilio tecnológico que podem revolucionar a rotina das instituições de saúde. Apesar disso, ainda existem barreiras para a implantação das TICs nessa área, de acordo com um recente estudo. Veja abaixo:

Além de ouvir gestores para mensurar a infraestrutura de TI, a utilização de registros eletrônicos e serviços de telemedicina em quase 1,7 mil estabelecimentos de saúde, o estudo TIC Saúde, lançado na última terça-feira (17/12), também ouviu médicos e enfermeiros para aferir as dimensões como: acesso, uso e apropriação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).

Acesso e uso das TIC

Entre médicos e enfermeiros está universalizado o acesso domiciliar ao computador e internet, resultado superior à média do País. Entretanto, inda há um déficit de acesso por parte dos médicos e enfermeiros no interior dos estabelecimentos.

Acesso ao computador e internet em domicílio
(Percentual sobre total de médicos e enfermeiros)

Computador
99% médicos
98% enfermeiros
46% total do Brasil (fonte: pesquisa TIC domicílios 2012)

Internet
99% médicos
97% enfermeiros
40% total do Brasil (fonte: pesquisa TIC domicílios 2012)

Acesso ao computador nos estabelecimentos de saúde
(Percentual sobre total de médicos e enfermeiros)

Computador
63% médicos
72% enfermeiros
*Incluindo computador de mesa, portátil e tablets

Consulta aos dados clínicos sobre o paciente
(Percentual sobre o total de médicos com acesso a computador no estabelecimento de saúde)

Dados relacionados às rotinas clínicas são bastante utilizados quando disponíveis. Confira alguns deles:

-69% dizem consultar dados cadastrais dos pacientes, enquanto 10% não consultam e 20% não possuem disponíveis
-61% consultam os motivos que levaram o paciente ao atendimento, 4% não e 35% não têm disponível;
-58% consultam resultados de exames laboratoriais, 3% não e 38% não possuem disponíveis;
-43% consultam sinais vitais dos pacientes, 2% não e 56% não têm disponíveis
-41% consultam imagens de exames radiológicos, 2% não e 75% não têm disponível.

Apropriação das TIC

Os impactos mais percebidos de forma positiva em relação ao uso ou implantação de sistemas eletrônicos referem-se à melhoria na eficiência dos processos e na qualidade do atendimento, segundo os profissionais.

Em geral, a percepção do enfermeiro fica um pouco acima do médico. De acordo com o Gerente do CETIC.br, Alexandre Barbosa, isso ocorre, pois o enfermeiro está mais na operação e no dia a dia da assistência.

Além disso, uma surpresa da pesquisa, segundo o coordenador de pesquisas do CETIC.br, Fábio Senne, foi que a percepção ainda não é muito consistente em relação à redução de filas ou listas de espera, aumento do número médio de pacientes atendidos durante um dia e maior aderência dos pacientes ao tratamento.

Entraves

De acordo com os profissionais, entre as principais barreiras para a implementação e o uso das TIC nos estabelecimentos estão a falta de prioridade nas políticas públicas e internas da instituição e insuficiência de treinamentos.

-83% dos médicos e 72% dos enfermeiros consideram a falta de prioridade das políticas públicas como barreira que dificulta a implantação das TIC;

-75% dos médicos e 71% dos enfermeiros consideram a falta de treinamento como fator que dificulta a implantação e o uso de sistemas;

-A falta de políticas internas do estabelecimento aparece como barreira relevante para 70% dos médicos e 66% dos enfermeiros.

A coordenadora científica do estudo, Heimar Marin, enfatiza a defasagem do Brasil em relação à formação e capacitação dos profissionais no uso das TIC, comparando países como Canadá e EUA, que possuem centros de treinamentos tecnológicos dentro das universidades, com o Brasil, que tem três ou quatro centros de excelência. “Isso é uma barreira nacional. é preciso olhar para a formação em saúde, que requer particularidades”.

**Estudo foi produzido pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), com apoio dos órgãos governamentais: Datasus, ANS, IBGE; Organismos Internacionais: OECD, Unesco, Cepal e Cetic.br; Associações de Referência: Sbis e ABNT e Instituições Acadêmicas: Unifesp, USP, Fundação Getúlio Vargas, Nic.br e Universidade de São Paulo.

Fonte: Saúde Web

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