Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.
“Os cuidados paliativos podem ser entendidos como uma forma de tratar o paciente e seus familiares com foco no bem-estar dessas pessoas. Diante de um paciente fora de possibilidades terapêuticas de cura, os cuidados paliativos têm como objetivo aliviar a dor e o sofrimento, tratando não a doença e sim os sintomas físicos, sociais e psicológicos. Sintomas como dor, falta de ar, náuseas, feridas de pele, fadiga, assim como angústia, dúvidas espirituais e incertezas existenciais são abordadas diariamente pelas pessoas envolvidas nessa modalidade de cuidar. Transcende o tratamento curativo que visa a doença colaborando para que o paciente ganhe força e energia para seu dia a dia”, afirma Dr. Paulo Sérgio Campos Salles, médico paliativista da Clínica Sainte Marie.
De acordo com a geriatra da Clínica Sainte Marie, Dra. Amabile Pandori, os cuidados paliativos consistem em dar suporte e dignidade de vida onde a medicina curativa não consegue mais cumprir o seu papel. “Esse suporte é indicado para os pacientes que estão com as possibilidades de cura esgotadas ou com doenças avançadas sem prognóstico de melhora da qualidade de vida, independente da idade. O cuidado paliativo inclui o alívio da dor, suporte nutricional, higiene, conforto e, acima de tudo, muito amor e respeito na terminalidade da vida”.
Os cuidados paliativos também podem ser ministrados em conjunto com o tratamento curativo, por exemplo, em casos de câncer, Alzheimer, Parkinson, entre outras doenças. A assistência é garantida por uma equipe de diferentes especialidades, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais que auxiliam o paciente e seus familiares a entenderem as opções e objetivos do tratamento.
O médico explica que “as demandas do paciente crônico ou em final de vida são bem variadas e de alta complexidade, exigindo trabalho em equipe. Esses profissionais elaboram um plano de cuidados abrangente para cada paciente, contemplando seus sintomas, suas necessidades e a possibilidade de reduzir a dependência de terceiros, resultando em uma melhora da qualidade de vida, mesmo que a vida esteja em seu final”.
As investigações necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas estressantes relacionados tanto ao tratamento quanto à evolução da doença também fazem parte dos cuidados paliativos. Para Dr. Paulo, os cuidados paliativos deveriam ser instituídos logo no início do tratamento curativo, acompanhando o paciente desde o diagnóstico da doença.
“Na prática isso não ocorre, por desconhecimento dessa possibilidade. Mas o curso da doença é inexorável. A necessidade desses cuidados vai aumentando à medida que o tempo passa, as intervenções e tratamentos específicos para curar se tornam menos úteis e aplicáveis. O paciente tem problemas, sintomas e necessidades que se não forem abordados e tratados vão originar grande sofrimento para o doente e sua família. O paliativista e a equipe precisam estar presentes nessa hora, e serão cada vez mais atuantes até o momento da morte”, defende.
Segundo o IBGE, 30% da população brasileira será composta por idosos até 2040. Em 2050 serão mais de 70 milhões de brasileiros acima dos 60 anos. No Brasil, os cuidados paliativos ainda são um conceito novo e, para muitos, desconhecido.
Para Dr. Campos, essa forma de cuidar ainda é um tanto quanto incompreendida e, às vezes, motiva discussões acirradas principalmente por raciocínios reducionistas, que diminuem sua real dimensão por acharem que se trata de uma medicina menor ou de categoria inferior onde ‘não há mais nada a fazer’. “Todo paliativista retruca essa impressão equivocada com a observação verdadeira de que, ao escutar isso, ‘aí sim é que há muito a fazer’. Felizmente o interesse é cada vez maior sobre o tema, o que tem feito com que os profissionais de diversas áreas procurem formação e qualificação na área”.
Fonte: Portal Hospitais Brasil