O documento deste ano, que apresenta os novos dados da epidemia em todo o mundo, mostrou que, embora o financiamento internacional para o combate ao HIV/aids continue no mesmo patamar desde 2008, houve aumento de 11% nos investimentos domésticos dos países em desenvolvimento. Considerando o período de 2006 a 2011, o crescimento chega a 50%. “é um dos relatórios mais positivos que apresentamos nos últimos tempos”, afirmou o coordenador residente da ONU no Brasil, Jorge Chediek, referindo-se aos avanços na cobertura e na distribuição de antirretrovirais, principalmente nos países de baixa e média renda.
De acordo com o coordenador da Unaids no Brasil, Pedro Chequer, o Brasil é pioneiro na questão do acesso universal ao tratamento e serviu de inspiração a vários países em desenvolvimento. “O Brasil, desde os anos 90, contrariando a visão do Banco Mundial, adotou essa postura. Acreditamos que vamos alcançar o acesso universal até 2015 e parte dessa vitória é do Brasil”, elogiou.
Pedro Chequer destacou que 8 milhões de pessoas estão em tratamento atualmente em todo o mundo, enquanto, em 2003, eram apenas 400 mil. “Na áfrica do Sul, foram mais de 300 mil novos pacientes em 2011, somando 1,7 milhão de pessoas em terapia naquele país. Isso é o dobro do que 2009”, disse.
Segundo o coordenador da Unaids, outra perspectiva do programa é chegar em 2015 praticamente sem nenhuma nova infecção em crianças. “Costumo dizer que existe, sim, um tipo de vacina para a aids: é a utilização de medicamentos antirretrovirais como profilaxia para gestantes infectadas pelo HIV para evitar a transmissão vertical, o que o Brasil também tem feito, há muito tempo”.
O país também foi mencionado no relatório com relação à política de medicamentos. Segundo o documento, de 2007 a 2011, o Brasil economizou 97 milhões de dólares, com a diminuição do custo de aquisição do medicamento efavirenz, que foi licenciado compulsoriamente em 2007.
“O Brasil fabrica 10 dos 21 antirretrovirais distribuídos atualmente pelo SUS. Vale destacar que o custo, por paciente, dos medicamentos importados, protegidos por patentes, é muito maior do que os aqui fabricados”, afirmou Dirceu Greco.
O diretor do Departamento disse também que, mesmo com o alto investimento – o orçamento de 2011 foi de R$ 1,2 bilhão – para controlar a epidemia de aids ainda há diversos desafios. Um deles é expandir o acesso ao diagnóstico. “Estima-se que 250 mil pessoas no Brasil não saibam ou nunca fizeram o teste de HIV. Diagnosticar essas infecções é um passo fundamental para o controle da transmissão. Para isso, mais de 2 milhões de testes rápidos foram distribuídos em 2011. Sabendo do diagnóstico, as pessoas receberão os cuidados de saúde necessários e o tratamento em tempo adequado”.