O perfil do líder na era da gestão de pessoas entra em debate

O perfil do líder na era da gestão de pessoas entra em debate

Exercer liderança é diferente de mandar. Um profissional que tem como responsabilidade comandar outras pessoas deve, antes de delegar funções, saber precisamente qual é o seu papel tanto na sociedade quanto no trabalho. é um profissional que “saiba se encaixar onde há necessidade, que sabe o papel que ele deve desenvolver em decorrer de suas exigências, por exemplo, um homem que é gerente e sabe que em seu casamento seu papel é ser um marido companheiro, então ele assim o será”, afirma Ana Paula, CEO da Hunter Consulting Group, empresa autora da pesquisa “O Perfil dos Líderes Brasileiros 2013”.

No documento foram entrevistados 300 profissionais que se espalham pelos cargos de presidente, gerente, diretor, supervisor e analistas de diversas empresas nacionais e multinacionais. A pergunta feita é simples: “Quais são as competências exigidas para cargos de liderança?”. A partir das respostas constatou-se que as principais características, dentre as 21 contabilizadas, para formar um líder ideal são: promover o desenvolvimento de pessoas, conectar-se com os valores da empresa, ser inspirador, assumir riscos, ser empreendedor, justo, promover mudanças, ser inovador e colaborativo.

Mais que resultados, essas informações geram outro questionamento: “Na prática, como trazer essas qualidades para a realidade?”. Por isso, além da Ana Paula, também foram entrevistados Raphael Castro, Gerente Comercial da Wareline, João Oliveira, Gerente de Canais da Intercamp e Robinson Carreira, Diretor Presidente da Carreira Muller Consultoria Empresarial.

Para assumir um cargo de gerência, o profissional com um bom histórico de trabalho, pode se sentir seguro no papel que desempenha, pois existem “características do trabalho que não se aprendem em cursos, e sim pela própria experiência de trabalho, pelo contato com situações diversas do mundo. é uma mistura de experiência com personalidade, valores que a pessoa já trás consigo”. Porém, quando o cargo não faz parte do universo da área estudada na formação acadêmica “se deve fazer um curso de especialização. Dependendo da área um curso de MBA, se houver necessidade de entender de diversas áreas simultaneamente como: financeiro, processo, gestão de pessoas e marketing.Também existe o curso de coaching, específico para liderar pessoas” diz Ana Paula.

Além do conhecimento técnico “é preciso ‘gostar de gente’ e querer de todas as formas entendê-las e elevá-las a um patamar superior. A teoria de gerenciamento está disponível para todos, porém uma pessoa num cargo de liderança não irá gerenciar pessoas apenas porque leu livros e participou de cursos. é algo muito mais interior” completa Robinson. Unindo esses dois pensamentos em uma linha de raciocínio sobre o que é gerência, Raphael Castro afirma que gerenciar “é desenvolver um ambiente participativo, preservando as opiniões e comprometendo a equipe como um todo. Gerir pessoas já está relacionado a entender quais são as expectativas de cada um, e qual é a sua participação efetiva no projeto. Assim, podemos contribuir para que o profissional esteja sempre motivado a melhorar seu desempenho”. Opinião que reforça a afirmação de que uma pessoa pode ter as potenciais características ideais como senso de justiça e empreendedorismo, assumir riscos, ser inspirador, inovador, não ter medo de mudar e agregar valores, e na prática não ser um bom líder. O segredo é saber como transmitir e influir essas características em conjunto com a equipe.

Sendo ‘conectar-se com os valores da empresa’ um quesito indispensável, o ambiente empresarial também deve se conectar aos valores das pessoas. Hoje vivemos a era das conexões, tudo se interliga digitalmente. Praticamente não existe um assunto que não possa ser comentado, compartilhado, fotografado e disseminado. No ambiente empresarial não é diferente. Existem empresas aonde a hierarquia está acima de todos, mas, este modelo autoritário, mesmo que dê certo, não espelha a realidade da grande maioria das pessoas, pois “um ambiente ruim forma pessoas igualmente ruins e profissionais piores”, afirma Raphael. é evidente que a evolução, ou adequação das empresas a era das conexões, não é instantânea, porém ela ocorre, assim comenta João Oliveira: “Nos últimos anos tenho notado uma diferença grande nas empresas, pois elas estão com um foco maior em humanizar o trabalho. Os futuros líderes deverão encontrar alternativas para gerir pessoas, pois as novas gerações possuem um perfil muito específico”.

Ambiente empresarial, perfil do líder e formas de pensar o trabalho. Mas, e o ‘liderado’, pode desempenhar um papel na liderança? Raphael, Ana e Robinson comentaram a respeito do papel do funcionário na gestão: “Quando não se vê agitação na equipe parece que você corre sozinho e na verdade os resultados são de todos, sejam eles bons ou não”, ou seja, na prática o papel do colaborador na liderança é informar, coesamente, os erros e acertos de cada etapa do processo, somando os pontos positivos e negativos para que todas as arestas sejam aparadas. Função que não é exclusividade da chefia, pois o que está em jogo para o funcionário é sua proatividade. é fato que as empresas seguem as regras de mercado e trabalham visando o lucro e o aumento do faturamento. Porém, todo o trabalho e seu sucesso dependem das pessoas, do humano que é dotado de desejos, opiniões e crenças.

Neste sentido, existe uma tendência de “buscar profissionais com características mais femininas, não especificamente mulheres, mas sim características femininas como proximidade, criação, atenção e senso de justiça”. Mesclando a otimização do faturamento da empresa com a formação de um time mais competitivos, “o processo de seleção é um dos fatores chave para o sucesso. A alta direção da empresa deve priorizar esse processo, pois a formação de um bom time só é possível se individualmente as pessoas estiverem alinhadas com a visão e os valores da empresa, além de perfis pessoais compatíveis com o time de trabalho”.

Dentro do debate, não há como ignorar o fator ‘divergência de opiniões’. O time precisa cumprir os prazos, lidando com a pressão e maximizando sua eficiência. Quando isso não acontece o entrosamento da equipe é comprometido. Por isso, para gerenciar pessoas visando os objetivos do negócio, o líder necessita “ter a habilidade para extrair desses eventos ideias e percepções que possam agregar valor ao longo do projeto”, comenta Raphael. João Oliveira completa: “é um trabalho árduo, afinal uma empresa é formada por gente e gente requer atenção”, e finaliza: “Quem já ministrou aulas, entende o quanto é bom ver um aluno evoluir com os desafios que você aplica, pois ser um líder dentro de uma empresa em alguns momentos se assemelha muito ao processo de ensinar do professor”.

Texto publicado na revista Corporativa – Edição 19.

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