A maioria dos internautas brasileiros não sabe qual é a doença que causa mais mortes no Brasil. De acordo com uma pesquisa encomendada ao IBOPE, Inteligência pelo Movimento Ame o Coração, na opinião dos usuários de internet, o câncer é a doença que mais mata no país, seguido de infarto/ataque cardíaco, hipertensão/pressão e AVC (Acidente Vascular Cerebral). Mas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças do coração são a causa número um de mortes não só no Brasil, mas no mundo.
A pesquisa ouviu 1.007 internautas, entre homens e mulheres com mais de 18 anos, de diferentes classes sociais, nas principais capitais do país – uma amostra desenhada a partir do perfil da população de internautas brasileiros.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) evidenciam que 17 milhões de pessoas morrem em todo o mundo devido às doenças do coração, sendo esta a causa número um de mortes no Brasil e nos demais países. “Estes números refletem um desconhecimento geral da população sobre as formas de prevenção, os fatores de risco e a importância do acompanhamento clínico para pessoas com níveis alterados de colesterol”, reflete o doutor Marcelo Bertolami, cardiologista do Instituto Dante Pazzanese.
A falta de conhecimento dos entrevistados vem ao encontro de outros dois pontos destacados na pesquisa: mais de 40% deles não realizaram exames para diagnosticar o nível de colesterol nos últimos 12 meses, e quase metade só vai ao médico quando está com algum problema de saúde ou em casos de emergência.
“O estudo mostra que cerca de 1/3 da população não toma qualquer medida para prevenir doenças que, no médio a longo prazo, podem trazer consequências gravíssimas para o estado de saúde e para o bolso não só do indivíduo, mas também do estado”, analisa o doutor Marcelo Bertolami. “De forma geral, nossa observação clínica é a de que os brasileiros trabalham mais as consequências, do que suas causas. Ou seja: não atuam na prevenção, realizando avaliações periódicas com um profissional da saúde, mas nas consequências, quando doenças ‘silenciosas’ feito o colesterol já estão muito evoluídas e em estado crônico”, alerta.
No panorama traçado pelo IBOPE para o Movimento Ame o Coração, entre os meses de junho e julho, demonstra que mais de 40% dos entrevistados que declaram possuir colesterol acima do limite considerado normal, não praticam atividade física. “Existe ainda o agravante de que sete em cada 10 pessoas não buscam informações sobre saúde com profissionais especializados e 42% daqueles que apontaram terem colesterol alto utilizam medicamentos, mesmo quando combinados com alimentação saudável e exercício físico, que podem ser alternativas efetivas para o controle do colesterol”, lembra Dr.Marcelo. “é importante ressaltar que medicamentos para o controle desta doença são indicados em casos específicos, contudo, a mudança de hábitos alimentares e de estilo de vida deve integrar todo o tipo de tratamento na tentativa de reduzir o colesterol sanguíneo. Mesmo quando medicamentos são necessários, as medidas de estilo de vida devem ser mantidas. O grande problema que enfrentamos diariamente é que as pessoas tendem a ser muito resistentes a tais mudanças”, explica.
Para a doutora Márcia Gowdak, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do estado de São Paulo (Socesp) e nutricionista responsável pelo Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a melhor saída é a prevenção por meio do consumo de alimentos mais saudáveis, como o consumo de carnes magas, com menor teor de gorduras, bem como o consumo de pães e massas integrais, além de frutas, verduras e legumes que possuem fibras que auxiliam na manutenção de níveis adequados de colesterol. Além das fibras, os fitoesteróis, presentes naturalmente em pequenas quantidades em alimentos de origem vegetal, como maçãs, cenouras, óleo de soja e, em maior quantidade, em alimentos adicionados, como alguns cremes vegetais, podem auxiliar, quando associados a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis, na redução do colesterol.
“A prática regular de exercícios físicos por exemplo, é um dos grandes aliados na luta contra o colesterol elevado, além de prevenir ou controlar outros fatores de risco das doenças cardiovasculares, tais como, obesidade, hipertensão e diabetes. O importante é praticar atitudes mais saudáveis sem esquecer do acompanhamento periódico junto a um profissional da saúde”, ressalta a nutricionista.
Confira os números que mais chamam atenção na pesquisa do IBOPE Inteligência, encomendada pelo Movimento Ame o Coração:
– 52% da dos entrevistados estão acima do peso;
– Entre os que possuem idade acima de 35 anos esse número é ainda maior: 65%
– 25% dos entrevistados com mais de 35 anos já foram diagnosticados com colesterol alto;
– 17% dos que afirmam possuir colesterol alto não fazem tratamento;
– Entre os que sabem que possuem colesterol alto, mais de 40% não praticam atividades físicas e 68% estão acima do peso;
– 45% dos que estão acima do peso só procuram um profissional da saúde quando têm algum problema;
– Entre os que afirmam possuir algum problema de saúde, as três principais doenças apontadas são: ansiedade/ depressão, colesterol e hipertensão;
– Mais de 40% da população pesquisada não realizou exame de colesterol nos últimos 12 meses;
– Entre os homens, 65% não possuem o hábito de acompanhar sua saúde; já entre as mulheres, este número cai para 38%;
– 50% dos entrevistados consideram a atividade física como a principal forma de prevenir doenças, seguida da alimentação mais equilibrada, com 31%;
– 38% das pessoas acima do peso e 24% dos que possuem colesterol alto não fizeram nenhuma mudança recente em sua alimentação.
Fonte: Portal Hospitais Brasil