Com o objetivo de facilitar a emissão de Certificados Digitais aos profissionais da saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Caixa Econômica Federal firmaram uma parceria em abril do ano passado. A instituição financeira foi escolhida pelo preço competitivo cobrado para a realização do trabalho e pela sua capilaridade, com agências espalhadas por todo o país. O Certificado Digital aplicado à saúde é uma ferramenta que pode proporcionar diversos benefícios e tem potencial para mudar o panorama da saúde no país.
Para falar sobre o assunto a Wareline Conecta entrevistou o 1º secretário do CFM, Desiré Carlos Callegari. O profissional responde pela Câmara Técnica de Anestesiologia e pela 1ª Secretaria, que abrange os setores de comunicação e tecnologia da informação. Também é professor da disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC e superintendente do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André.
W Conecta: As emissões do CRM Digital já estão sendo feitas em todos os estados?
W Conecta: No futuro, quais as outras possibilidades de uso do Certificado Digital na área médica, além das funções que já possui hoje?
Desiré: As perspectivas são boas. Temos como exemplo dois grandes projetos nacionais que envolverão o uso da certificação digital: um é o Registro Eletrônico de Saúde (RES), do Mistério da Saúde, e o outro na Saúde Suplementar, o RES Unimed Brasil. Eles serão impulsionadores do uso do Certificado Digital por parte dos médicos. Teremos também o aumento da oferta de serviços com a utilização da certificação digital, como o que ocorrerá nos portais dos Conselhos de Medicina, permitindo aos médicos acesso a todos os serviços por meio da Internet.
W Conecta: Apesar de todos os benefícios que o Certificado Digital pode proporcionar, como a Assinatura Eletrônica, os profissionais da saúde ainda são resistentes ao uso desta tecnologia ou isso está mudando?
Desiré: Na verdade, não vejo como resistência dos profissionais médicos e sim como uma preocupação em garantir o sigilo e a privacidade do paciente. Afinal, é preciso a utilização de uma tecnologia que siga aderente às atividades críticas exercidas pelos profissionais. A certificação digital passo a passo começará a responder a essas preocupações e passará a atrair o interesse dos médicos.
W Conecta: Na sua opinião, como o uso do Certificado Digital nas instituições de saúde pode ajudar a melhorar o sistema de saúde brasileiro?
Desiré: De várias maneiras a certificação digital poderá contribuir para a melhoria do sistema brasileiro, tanto para os profissionais, como para os pacientes, gestores e toda a equipe envolvida na atenção à saúde. Exemplo disso é a informação no PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente), que está muito mais disponível e atualizada, onde e quando o médico precisa. Os resultados de exames laboratoriais ou de imagem também estão acessíveis para consulta. Todos os dados armazenados têm maior legibilidade, acurácia e exatidão.
Com as ferramentas que acompanham o prontuário, tais como sistemas de alerta e de apoio à decisão, a possibilidade de erro é reduzida, trazendo assim maior segurança ao paciente. Além disso, a versão eletrônica é muito mais segura do que em papel e as informações podem ser compartilhados automaticamente com outros profissionais e instituições que estão cuidando do paciente, possibilitando dessa forma a continuidade da atenção integral à saúde. Outros benefícios do PEP estão ligados à pesquisa clínica, adesão aos protocolos clínicos e assistenciais, além de usos secundários da informação para fins epidemiológicos e estatísticos.
W Conecta: Grande parte das instituições filantrópicas sofrem problemas econômicos. Em sua visão, elas podem se beneficiar do Certificado Digital, já que ele promove mais agilidade e economia?
Desiré: Sim, é demonstrado por alguns estudos internacionais que a implantação do PEP traz uma considerável redução de custos para a instituição. Todavia, vale considerar a necessidade de investimento inicial para obtenção do resultado desejado.