Para falar sobre o assunto e esclarecer essas dúvidas, a Wareline Conecta ouviu o líder de Soluções de Information Management da
IBM, Marcos Panichi. O profissional, que tem 22 anos de experiência nas áreas de Marketing e Vendas, participou de grandes projetos nacionais e internacionais, atuando em parceria com grandes empresas na área de telecomunicações, software, automação industrial e bancária.
Wareline Conecta: Em que consiste o principal desafio futuro do big data, na tecnologia que o viabiliza ou na forma de utilizá-lo?
Marcos Panichi: Já possuímos tecnologia capaz de enfrentar os desafios do big data, analisando muito mais rápido grandes volumes de dados em toda sua variedade (áudios, vídeos ou dados estruturados) e em tempo real. Porém, a forma de utilizar essa tecnologia ainda é um desafio para empresas, pois mesmo com o destaque que esse tema tem tido no mercado, poucos líderes estão aproveitando as vantagens do uso de big data para os negócios.
W Conecta: Qual é o principal objetivo apontado pelas empresas com o uso dessa tecnologia?
Panichi: A divisão de consultoria da IBM, em parceria com a Universidade de Oxford, conduziu o estudo “Análise de dados: O real uso do Big Data no mundo”. A pesquisa contou com 1.144 entrevistados de 95 países, incluindo 65 empresas do Brasil, com o objetivo de identificar como big data está sendo aplicado dentro das organizações. Entre as principais constatações está o fato de que as empresas estão utilizando big data para atingir resultados focados em entender e melhorar a experiência do cliente, explorar dados internos e construir um banco de dados com informações confiáveis. Porém, a habilidade técnica dos profissionais para apoiar os primeiros estágios da aplicação é o principal obstáculo observado pelos entrevistados brasileiros.
W Conecta: Qual o segmento de atividade ou área de conhecimento que ainda não adotou o big data, mas que poderia tirar proveito da ferramenta?
Panichi: Podemos afirmar que o tema big data vem ganhando importância em diversos setores, inclusive no setor público. Casos práticos têm surgido nos setores de varejo, telecomunicações, saúde, energia, aviação e muitos outros.
W Conecta: Na prática, como a quantidade de dados gerados pelos sistemas de big data está transformando a gestão das empresas e a busca por resoluções de problemas mais criativas?
Panichi: Empresas já percebem uma vantagem competitiva com o gerenciamento da informação e da análise de dados. Ainda segundo a pesquisa da IBM, de 2010 a 2012, no Brasil, a porcentagem dos participantes que reportaram uma vantagem competitiva oriunda da informação e da análise de dados cresceu 90%. A maioria das empresas tem relatado que seus esforços de big data têm o objetivo de melhorar a experiência do consumidor através do entendimento de comportamentos (53%).
W Conecta: Como o crescimento do uso dessa tecnologia pode impactar o mercado de trabalho?
Panichi: O impacto no mercado de trabalho já é sentido pela demanda por profissionais que saibam identificar oportunidades de aplicação de big data para gerar novos negócios. Em nossas interações com clientes, identificamos nos últimos anos um maior interesse por tecnologia por parte dos líderes de Marketing e de Negócios, aumentando sua participação ativa em projetos que antes eram de responsabilidade exclusiva do CIO.
W Conecta: Como o big data pode ser útil para uma instituição que deseja melhorar sua performance e reduzir custos?
Panichi: A aplicabilidade do big data é ampla e muitos casos bem sucedidos têm surgido. A tecnologia, por exemplo, pode melhorar a experiência de clientes enquanto analisa dados dos canais de atendimento para aprimorar os serviços; aumentar o retorno de marketing, atendendo clientes de formas diferentes; otimizar a performance de seus vendedores enquanto disponibiliza informações estratégicas em tempo real; reduzir custos de interrupções de serviços e TI, prevendo os problemas antes que aconteçam; gerar insights para uma melhor tomada de decisões e muitos outros.
W Conecta: Quais mudanças poderiam ocorrer no setor se a maioria das instituições de saúde utilizasse o big data?
Panichi: Um bebê, mesmo antes de nascer, gera uma série de informações através de exames e consultas. Ao nascer, o volume de dados gerados aumenta e pode se multiplicar caso o bebê permaneça numa UTI neonatal, por exemplo. Todo esse volume de dados pode trazer novos insights na prevenção de doenças, na estruturação de melhores serviços e maior nível de produtividade dos profissionais de saúde, além de outras aplicabilidades.
Um bom exemplo é o da University of Ontario Institute of Technology (UOIT), que utiliza grandes volumes de dados para melhorar a qualidade do atendimento para bebês recém-nascidos e, assim, detectar ameaças à vida com 24 horas de antecedência, antes que os sintomas apareçam. Como resultado, diminuíram a taxa de falecimento e melhoraram o atendimento ao paciente. A possibilidade de realizar análises em tempo real, utilizando dados fisiológicos de pacientes e continuamente correlacionar dados de monitores médicos para detectar mudanças, dá a capacidade aos hospitais de lidar proativamente com complicações e aumentar significativamente os resultados. A adoção de soluções de big data traz vantagens competitivas que poderão alavancar mudanças importantes no setor de saúde.
W Conecta: Na sua opinião, quais as futuras possibilidades de uso do big data?
Panichi: Big data cria a oportunidade para as organizações extraírem valor a partir de ativos digitais inexplorados e, se considerarmos que todos os dias criamos 2,5 quintilhões de bytes de dados, temos um universo de possibilidades a frente. Acredito que a medida em que a adoção de tais tecnologias aumentarem, o big data será uma das principais prioridades de negócios e as aplicabilidades serão infinitas.